A presença de gatos em redor das nossas casas é uma constante desde a antiguidade. No âmbito urbano os gatos tendem a agrupar-se em colónias e são capazes de se reproduzir com êxito.
O que acontece é que os moradores e as autoridades tendem a considerar os gatos de rua como uma praga, indicando que são uma fonte de ruído, maus odores, agressões por mordida ou arranhões, assim como transmissores de doenças.
A solução é o desenvolvimento de colónias controladas, onde se implemente um programa CED – Captura, Esterilização e Devolução – ou seja, os gatos são capturados, esterilizados e regressam a um ambiente controlado, com um controlo populacional.
O que fazer? E como manter a colónia?
O problema não é a criação da colónia, mas a manutenção desta. Deixamos alguns pontos a considerar e implementar para uma gestão da colónia de gatos com sucesso.
1. A colónia deve estar restringida a uma área bem definida
Esta área deve ser relativamente segura, não entrando em competição com espécies selvagens ou protegidas. Deve ter-se uma autorização escrita do proprietário do terreno ou um convénio com a autoridade competente. Este é um dos principais entraves..
2. Deve existir um protocolo escrito e um registo diário
O registo diário dos cuidados dos animais é importante (também nos períodos de férias) e deve incluir a alimentação, bebida, controlo da saúde e censo. Neste sentido é necessário desenvolver um programa claro, e por escrito, de educação e formação técnica para que os cuidadores conheçam os problemas de saúde, segurança e ambiente que implica uma colónia de gatos, assim como o maneio correto.
3. Número de gatos na colónia
É importante determinar o número máximo de exemplares que podem ser albergados uma vez estabilizada a colónia.
4. Deve prever-se um sistema de captura adequado
Os sistemas de captura têm de ser regularmente visitados (jaulas armadilha) e devem permitir o fácil maneio dos animais. O uso de jaulas armadilha exige uma certa dedicação e revisão diária para evitar a perda de material e, fundamentalmente, lesões nos animais capturados.
5. Implementar um Programa CED
No Programa CED os gatos são capturados, esterilizados e devolvidos à sua colónia. O corte da ponta da orelha esquerda é o método utilizado para identificar um gato esterilizado numa colónia controlada por um Programa CED.
6. É imprescindível prever uma fonte de financiamento
A captura dos gatos, esterilização, análises, medicação, alimentação, etc. tem custos. Apesar do apoio dos voluntários e outras pessoas envolvidas, é importante estabelecer protocolos, por exemplo, com a Câmara Municipal ou Junta de Freguesia, empresas, veterinários e Associações de proteção animal.
7. Seguro de responsabilidade civil
A responsabilidade perante danos a terceiros deve ser tida em conta com a subscrição de um seguro de responsabilidade civil, embora os hipotéticos danos sejam raros.
8. Manutenção de um programa de saúde
O programa deve incluir consultas de check up, análises serológicas (por exemplo, à Leucose Felina ou FeLV e ao vírus da Imunodeficiência Felina ou FIV), vacinação, controlo de parasitas, esterilização, cuidados médicos, identificação com microchip e marcação dos exemplares esterilizados.
9. Evitar que fiquem sobras de alimento
As sobras de alimento podem atrair outros animais. A alimentação seca comercial é a mais indicada, já que não deixa restos, nem odores, que podem incomodar os transeuntes. É imprescindível manter a zona da colónia o mais limpa possível.
10. Adoção de gatos e gatinhos
Os responsáveis pela colónia devem ter um plano de adoção dos gatinhos ocasionais e dos gatos adultos sociáveis.