A introdução de um novo gato pode ser um processo complexo e moroso para o qual os tutores se devem preparar antes mesmo de trazer para as suas casas um novo gato.
Ao contrário dos cães, os felinos não são animais gregários, e não se pode forçar um gato a gostar de outro. É claro que alguns gatos aceitam um recém-chegado com facilidade, mas existem alguns casos em que isto não se verifica.
A introdução de um gatinho é sempre mais fácil do que a de um gato adulto. Para além de sexualmente imaturo, um gato bebé não representa uma ameaça tão grande para o residente, como um gato adulto representaria.
No caso de optar por um gato adulto (o que é de louvar), deve tentar perceber a sua personalidade, gatos demasiado territoriais tem mais dificuldade de conviver com outros gatos, sobretudo se confinados a uma casa pequena. Ao longo deste processo tenha presente que o gato residente não pode perder privilégios!
O odor individual de cada gato é o seu “cartão de apresentação” que usam para trocar mensagens entre si. A comunicação por sinais odoríferos é a forma mais importante de interação entre gatos. É através deste sentido que os felinos trocam importantes informações como o sexo, idade, saúde, estado sexual e marcações/reivindicações territoriais.
Para facilitar a introdução de um novo animal devemos torná-lo menos “estranho”. Para isto, podemos apresentá-lo ao gato residente com o “cheiro da casa”, basta, por exemplo, fazer algumas festas com luvas de algodão no seu gato e de seguida ao recém-chegado, ou usar uma manta do residente e espalhar o seu odor no pelo do gatinho adotado, mesmo antes deste se verem.
Dar tempo a ambos os gatos para se acostumarem aos novos cheiros, é extremamente importante para a introdução ser mais tolerável.
Nos primeiros dias deve fechar o novo gato numa divisão da casa e só depois efetuar a apresentação. Durante este período deve continuar a trocar cheiros entre gatos, recorrendo à utilização de mantas ou outros objetos.
Quando nenhum dos gatos se mostrar desconfortável com o cheiro do outro, deve transferir o gato recém-chegado para uma divisão em que eles se possam cheirar diretamente por baixo da porta.
A apresentação deve ser efetuada com recurso a uma transportadora. Este método permite que os gatos se sintam seguros e evita perseguições e ameaças que podem comprometer o sucesso da relação. Na transportadora os gatos estão próximos para se cheirarem e conhecerem, mas ao mesmo tempo esta proporciona proteção.
Como fazer a apresentação?
• Colocar o gato adotado na transportadora e situá-la no meio de uma mesa sem risco de queda;
• Deixar que o gato residente entre na divisão, dando-lhe atenção e confiança;
• Se o gato residente não mostrar interesse na transportadora, não o deve forçar;
• Pode usar-se snacks para tornar a experiência mais positiva e para incentivar a presença um do outro;
• No caso de o gato residente mostrar sinais de agressividade, deve tentar distraí-lo com um ruído que não o assuste, e continuar a falar-lhe de modo calmo e meigo;
• Após este primeiro contato deve retirar o gato residente da divisão e deixar o adotado sair da transportadora.
É importante ser paciente. Nos primeiros dias podem existir alguns sinais de agressividade em ambos os gatos, que gradualmente se vão alterando para demonstrações de curiosidade e aceitação individual.
Se em algum ponto da introdução os gatos demonstrarem comportamentos de demasiada tensão ou agressividade, deve parar e recuar alguns passos se necessário. O importante é nunca apressar o processo.
Quando nenhum dos gatos demonstrar qualquer sinal de agressividade para com o outro pode abrir a transportadora. Mantenha-se calmo e fale com eles, premiando os comportamentos adequados com snacks. A divisão escolhida deve permitir que eles se escondam caso tenham essa necessidade. Deve manter sempre uma boa supervisão, pois pode ser necessário voltar a separá-los e repetir este processo durante alguns dias.
Só gradualmente é que se vão acostumando e aceitando um ao outro. É por isso muito importante que os recursos ambientais aumentem também.
Voltamos em outubro para dar continuação a este tema – A chegada de mais um gato.
Até lá bons momentos felinos!
Por: Maria João Dinis da Fonseca
Artigo gentilmente cedido pelo Grupo Hospital do Gato