Costuma-se dizer que quem tem um gato tem dois ou três, ou que há sempre lugar para ter mais um gato, mas não é bem assim… ter vários gatos é um desafio para o tutor que deseja manter o bem-estar dos seus gatos.
Os gatos são animais solitários por natureza. Repare que quando vê gatos na rua o mais frequente é ver um, depois outro e não dois gatos a caminharem um ao lado do outro. A exceção são as colónias de gatos onde junto aos locais onde a alimentação é distribuída podemos ver vários gatos, na maioria das vezes grupos de fêmeas.
Isto significa que não se deve ter mais do que um gato?
Não. Significa é que tem de disponibilizar recursos aos seus gatos de modo a que eles não sejam obrigados a “partilhar” e só estejam juntos quando realmente querem estar.
Quando falo em recursos falo em:
– Caixas de areia (lembre-se da regra: mais uma caixa que o número de gatos);
– Bebedouros e comedouros;
– Esconderijos e zonas de descanso;
– Brinquedos.
Todos estes itens têm de ser disponibilizados de modo a que os gatos não sejam obrigados a partilhar.
Muitas das vezes a reação dos tutores quando dizemos que devem ter mais caixas de areia é: mas eles vão à mesma! Mas mesmo assim deve existir a opção, depois os gatos fazem essa gestão. Para um gato, ter de usar um caixa de areia suja (ninguém está 24h de serviço à limpeza das caixas), e ainda por cima suja por outro gato, é uma afronta grave! Encare a questão dos recursos não como um capricho, mas como um pilar básico de bem-estar.
Cama do tutor há só uma!
De um modo geral a cama do tutor é um verdadeiro trono para o gato. Para nós médicos veterinários, se só podermos fazer uma pergunta para perceber a dinâmica do grupo, perguntamos qual o gato que dorme com o tutor.
Mesmo imaginando o cenário fantasioso de arranjar várias camas iguais, só vai conseguir dormir numa e é essa que o seu gato vai querer!
Deixe que os gatos decidam e nunca o faça por eles. Por exemplo, imagine que no seu ver é outro o gato que deve dormir consigo e o vai buscar. Está a interferir nas relações entre os gatos de um modo que provavelmente não é benéfico para nenhum. O que pode fazer é junto à sua cama colocar outros locais atrativos, que podem ser simplesmente uma caixa de cartão com uma manta fofinha!
Para além de dispor de vários recursos é fulcral o modo como faz a introdução do novo gato que deve ser sempre progressiva e seguindo as indicações do seu médico veterinário.
Em novembro vamos falar sobre os cuidados médicos na introdução de mais um gato.
Até lá bons momentos felinos.
Por: Maria João Dinis da Fonseca
Artigo gentilmente cedido pelo Grupo Hospital do Gato