Dona pode ficar sem o seu gato por causa de um passeio

Em junho, Pamela Howard adotou Muse, um gato listado de olhos azuis, que sofreu queimaduras terríveis por negligência do dono anterior. Moram num condomínio em Salem e Pamela dedica-lhe muita atenção e carinho.

No entanto, no mês passado, a agência de adoção que entregou a Pamela o seu adorado gato entrou com uma ação judicial para o reaver. Não foi alegado abuso ou negligência, nem este foi magoado de nenhuma forma.

Então, qual é o motivo? Pamela levou o seu gato Muse à trela ao jardim, por menos de 5 minutos, contrariando o contrato assinado na adoção que incluía o compromisso de manter Muse dentro de casa. Pamela recusou-se a entregar Muse e já gastou 3.000 dólares em custas legais.

“Sou a sua guardiã e protetora”, disse ao Boston Globe. “Eu nunca poderia desistir dele”.

Pamela Howard com Muse.

The Odd Cat Sanctuary of Salem é uma associação sem fins lucrativos fundada e gerida por Tara Kawczynski. Já encontrou lares para centenas de gatos que teriam sido abatidos pelos seus ferimentos (alguns causados por donos abusivos) ou defeitos de nascimento. Não há dúvida que Tara é uma apaixonada, zelosa e defensora destas criaturas indefesas que não podem falar por si.

Mas levar Pamela a tribunal e pedir a um juiz para fazer cumprir um contrato, retirando um gato em recuperação de um dono que o adora, parece contrariar a missão de The Odd Cat Sanctuary – e desafia o senso comum.

Pamela tem consciência, tal como a maioria dos donos de gatos, que permitir que um gato vagueie livremente na rua diminui a sua esperança média de vida para metade, devido a riscos de infeções, predação ou acidentes automóveis. E entendeu que era obrigada a manter Muse dentro de casa.

E diz que sempre o fez, excepto no dia 12 de novembro. Estava um dia quente e agradável, e saiu com Muse, preso na trela.

“Muse começou a rolar de costas ao sol, na sua trela e fiz um pequeno vídeo com o meu telemóvel”, diz Pamela, que colocou o vídeo no Facebook com a legenda “My happy cat”.

Quase de imediato recebeu uma mensagem escrita de Tara a dizer que tinha visto o vídeo do Muse no exterior. Ao qual respondeu, confirmando que Muse tinha estado no jardim com coleira e trela.

Pamela disse que não sabia como era restrito o contrato com a agência de adoção, mesmo que tenha assinado que: “Os gatos adotados não podem ir para o exterior, incluindo terraços/varandas ou à trela… Se adotar um dos nossos gatos e tivermos conhecimento que o deixou sair intencionalmente, vamos reinvidicar o nosso gato de volta”.

Duas semanas mais tarde, Pamela foi notificada pelo tribunal de um processo movido em nome de Tara Kawczynski pelo advogado Jeremy Cohen de Beverly. Este obteve rapidamente uma ordem de restrição temporária que impedia Pamela de vender ou dar o seu gato, ou deixá-lo sair para o exterior.

Pamela ofereceu um donativo de 500 dólares à agência para resolver o assunto, mas não foi aceite. Propôs chegar a um acordo, mas Tara recusou. Então teve de contratar um advogado para enfrentar a agência em tribunal.

O caso foi a tribunal a 19 de dezembro. Cohen pediu à juiza Emily Karstetter a devolução de Muse e o pagamento das custas legais por Pamela.

Fernando Figueroa, o advogado de Pamela, questionou a validade do contrato de adoção, alegando que a proibição absoluta do acesso de um gato ao exterior, mesmo sob estreita supervisão do seu dono, não é razoável.

A juíza determinou que não tinha jurisdição sobre o assunto, mas prolongou a ordem de restrição temporária, para dar oportunidade a Tara de entrar com um ação no Supremo Tribunal.

Esperamos que esta história tenha um final feliz. Que ambas as partes cheguem a um acordo e se foquem no que interessa: encontrar lares para estes gatos.

Fotografias: MATTHEW J. LEE/GLOBE STAFF

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