Diferenças de comportamento entre cães e gatos no Veterinário

Os gatos, sendo predadores, mas também presas, são exímios na arte de esconder doença, muitas vezes demonstrando sinais apenas em estádios avançados da patologia.

Por norma, em consulta é mais fácil interpretar os sinais corporais de stress do cão. Um cão stressado lambe os lábios, olha de lado, boceja, esconde-se, dando a possibilidade ao médico veterinário de adaptar a sua abordagem, deixando o cão mais confortável e evitando o escalar de emoções para níveis mais perigosos.

Sinais de stress no gato

Por outro lado, num gato estes sinais são menos evidentes (por exemplo, ter a pupila dilatada, colocar as orelhas para trás, abanar a cauda, etc.) e requerem mais atenção por parte da equipa veterinária.

Sendo mais fáceis de escapar ao olho menos treinado, podem mais facilmente escalar para níveis superiores de stress, com a apresentação típica de bufar e tentar arranhar.

Havendo, em ambas as espécies, uma necessidade de correta aproximação e manipulação, a espécie felina requer uma especial atenção a sinais dissimulados, para que se sintam especialmente confortáveis em consulta.

Arfar e abanar a cauda

Ainda no que diz respeito à “sinalização corporal”, é importante frisar duas grandes diferenças entre cães e gatos: o arfar e o abanar a cauda.

Enquanto o arfar é uma forma normal de arrefecimento para o cão, no gato, o arfar é um sinal de urgência, quer por níveis de stress significativos, quer por urgência respiratória.

Por outro lado, um cão a abanar a cauda significa, normalmente, uma situação positiva, que demonstra felicidade (e frisemos o normalmente, porque também pode ser uma forma de apaziguamento), no gato, o abanar fervorosamente a cauda é sinal de desconforto.

Diagnóstico e sintomatologia

Não é incomum, nas consultas de rotina, ouvir o tutor dizer “ele já está velhinho, já não salta como antes, mas é normal, com a idade…”. Recorrendo a meios complementares de diagnóstico, detetam-se frequentemente alterações osteoarticulares graves que, se detetadas no cão, estariam associadas a claudicações severas ou relutância no movimento.

Outro dos desafios na Medicina felina prende-se com a apresentação clínica do paciente. Isto porque diversas doenças (por exemplo, pancreatite, cetoacidose diabética, doença renal crónica), apresentam frequentemente a mesma sintomatologia: vómito, anorexia, prostração.

É fundamental entender que um gato não é simplesmente um “cão pequeno”. Existem diferenças significativas a nível fisiológico, metabólico, comportamental e preventivo entre as duas espécies.

Só reconhecendo essas diferenças podemos oferecer cuidados veterinários mais eficazes e tornar as visitas ao veterinário o mais agradáveis possível para ambas as espécies.

Artigo de opinião da Dra. Rita Rodrigues, AniCura Arco do Cego Hospital Veterinário, Médica Veterinária com interesse em comportamento animal.

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