Cuidados médicos na introdução de mais um gato

Na dica de setembro e outubro já abordei o tema da chegada de mais um gato. É sempre um momento único para os futuros tutores, mas que pode gerar alguma ansiedade ao gato residente, que de repente vê o seu território invadido e eventualmente ameaçado.

Uma introdução precipitada pode gerar um conflito grave entre os gatos, que uma vez instalado pode ser difícil de resolver, por outro lado, uma introdução gradual e monitorizada pode resultar numa relação estruturante entre os gatos. Neste artigo vou abordar a temática sob o ponto de vista das implicações que existem em termos de doenças.

As doenças infeciosas
Os gatos são mestres em doenças infeciosas em particular em doenças virais. Quando digo mestres refiro-me sobretudo à capacidade que têm de ser portadores assintomáticos de muitas doenças. Isto significa que um gato saudável pode transmitir muitas doenças a outro gato e algumas delas fatais.
Testar os gatos para duas doenças virais, conhecidas com a sida dos gatos (FIV) e a leucemia felina (FeLV), bem como ter as vacinas em dia, são cuidados essenciais antes de juntar dois gatos.
As prevalências do FIV e do FeLV no nosso país, não são totalmente conhecidas, mas é estimado que, por exemplo, em Lisboa a prevalência seja de 5%. Isto significa que 5 em cada 100 gatos que sejam adotados são portadores de uma destas doenças e, como tal, requerem cuidados muito especiais, que só o seu médico veterinário pode esclarecer.
Mas se para o FIV e para o FeLV existe um teste rápido, outras doenças há, que só um exame clínico cuidado pode fazer suspeitar. Por exemplo, 80% dos gatos provenientes de abrigos são portadores de herpes vírus e, por isso, é essencial que os planos vacinais dos gatos em questão sejam revistos.
Não se trata de uma temática simples, muito menos para ser abordada em jeito de dica. Mas a mensagem que quero deixar, para que todos os tutores retenham, é que jamais devem juntar gatos sem primeiro realizar uma consulta no seu médico veterinário.

A questão dos parasitas
Todos os gatos, quer o residente, quer o novo habitante, devem ter um esquema de desparasitação interna e externa em dia. Mesmo que o seu gato nunca tenha tido pulgas, é importante que nesta fase seja protegido, pois o novo habitante é muito provável que traga companhia indesejada.

A importância da quarentena
Mesmo com todos os cuidados vacinais e de desparasitação, existem doenças que podem ser transmitidas, por esse facto é natural que o médico veterinário lhe peça para realizar um período de quarenta que pode ir até aos 2 meses. Não é muito simpático ter dois gatos separados tanto tempo, mas se indicado, faça mesmo um esforço para respeitar esta orientação.

A esterilização
Se vai juntar gatos de sexos diferentes, seja prudente no que se refere a esta questão. A maturidade sexual surge, em média, aos 6 meses, mas é frequente que tenha início mais cedo, por isso não facilite.

O fator stress
Principalmente para o gato residente, esta alteração na sua rotina, pode fazer despoletar doenças que estejam adormecidas, como por exemplo, um herpes vírus (responsável por infeções respiratórias). Não se assuste, com os devidos cuidados estas situações são, na sua grande maioria, benignas e passageiras.

Com os devidos cuidados a aquisição de mais um membro da família será fonte de boas experiências e alegrias, quer para si, quer para o seu gato.

Volto em dezembro com mais uma dica, desta vez em contexto natalício.
Até lá bons momentos felinos.

Por: Maria João Dinis da Fonseca
Artigo gentilmente cedido pelo Grupo Hospital do Gato

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