A minha gata vai ter bebés

As gatas que têm vários cios ao longo do ano, mas com maior incidência entre dezembro e fevereiro. A gravidez dura cerca de 2 meses, assim nesta altura do ano há muitas gatas a ter gatinhos.

Uma ninhada é uma responsabilidade
Embora ver nascer gatinhos e acompanhar o seu crescimento seja maravilhoso, lembre-se sempre que o melhor para a saúde da sua gata é a esterilização por volta dos 6 meses.
Por outro lado, assumir a criação de gatos é um ato de enorme responsabilidade. Ser criador implica que possua muitos conhecimentos sobre o assunto, que vão para além do senso comum. Implica conhecer bem as particularidades da raça, realizar planos profiláticos e assegurar-se de que quem fica com os gatinhos mantém o mesmo respeito pela raça.
Se a gata não tem raça definida, a esterilização é não só vantajosa para a gata como para o controlo da população em geral.

Uma gravidez planeada
Se a gravidez é planeada, aconselhe-se com o seu médico veterinário a cerca dos esquemas profilácticos de vacinação, desparasitação e despiste de FIV (vírus da imunodeficiência felina) e FeLV (vírus da leucemia felina) que devem estar atualizados.
Determinadas raças, como é caso dos cada vez mais populares British Shorthair, apresentam particularidades no que respeita à prevalência dos grupos sanguíneos e, por isso, mãe e pai devem ser testados.
Existem cada vez mais testes genéticos disponíveis para a respetiva prevenção de certas doenças (como, por exemplo, a doença renal poliquistica), o seu médico veterinário irá aconselhar consoante a raça quais os testes que deve realizar.

Durante a gravidez
O tempo de gestação é de cerca de 58 a 70 dias, com uma média de 63 dias.
Três a quatro semanas depois do acasalamento, os sinais de gestação começam a ficar evidentes. As gatas ficam mais “gordinhas”, mais calmas e com os mamilos avermelhados ou rosados. No entanto, há gatas que não demonstram qualquer sinal até ao dia do parto!
A gata gestante não necessita de tratamentos especiais, mas na última semana de gravidez deve estar um pouco mais protegida no sentido de evitar grandes saltos ou outras “artes marciais gateiras”.
Os hábitos alimentares não necessitam de sofrer alteração, mantenha sempre a ração seca à disposição e diariamente forneça alimento húmido (saqueta ou lata) como faz habitualmente, o que precisa mudar é o tipo de alimento.
Assim, para melhor satisfazer as necessidades nutricionais durante a gravidez é aconselhável utilizar uma ração para gatinhos. Durante os últimos 20 dias irá notar que o consumo de alimento diário aumenta muito. Esta mesma alimentação deve ser mantida durante a fase de amamentação e desmame dos gatinhos.
Durante a gestação é aconselhável a realização de uma consulta médico veterinária com a realização de uma ecografia abdominal, no entanto, se a sua gata for muito nervosa pode ser contraproducente submete-la a este stress e pode optar, por exemplo, por uma consulta domiciliária.

Fazer o “ninho”
As gatas tendem a procurar lugares estranhos e escondidos para ter os filhos. Providencie um local quente e seguro, mas não estranhe se. em vez do previsto ninho, na hora “H” ela preferir, por exemplo, o seu guarda-vestidos!
Uma caixa de cartão com uma manta fofa e quente é um excelente ninho. Essa caixa será usada para o momento do parto e para manter os gatinhos confortáveis e quentes após o nascimento.
A caixa deve ser suficientemente grande para que a gata se possa espreguiçar e ter uma altura de cerca de 15 cm para permitir que a gata saia, mas não os filhotes. A tampa da caixa pode ser mantida, mas deve ser feita uma abertura, para que tenha acesso fácil pela parte de cima.
A caixa deve ficar num lugar calmo, quente, sem correntes de ar e longe dos locais de circulação da casa. Deve deixar a caixa ao alcance da gata pelo menos uma semana antes da data prevista, para que a gata se vá habituando e marcando a caixa com o seu cheiro.

O trabalho de parto
Poucas horas antes do nascimento pode ser observado um ligeiro corrimento vaginal. Nessa altura pode levar a gata para a caixa que preparou, no entanto não a force, e se vê que a sua gata prefere outro local permita-o, desde que mantenha a segurança da mãe e filhos.
Fale com calma e caso a sua gata seja muito dengosa mantenha-se ao pé dela e faça-lhes festas, mas sem a perturbar. Se, pelo contrário, sente que ela prefere ficar sozinha, respeite e evite interferir.
As primeiras contrações podem deixar a gata desconfortável, o que pode levar a que deambule pela casa e se sinta irrequieta até começar o parto propriamente dito. Entre as contracções pode ficar ofegante, mais agitada e querer água. Deixe-a à vontade, não insista para que ela fique no ninho, a gata voltará na hora certa. Neste momento é muito importante que a gata se sinta bem e segura no lugar que escolheu.
Uma ninhada média tem 3 a 4 gatinhos, que demora aproximadamente 2 a 3 horas de trabalho de parto. Tenha sempre consigo os telefones de emergência do seu veterinário, de modo a poder esclarecer qualquer dúvida que surja durante o parto.

Sinais de que a gata necessita de assistência médica:
» Mais de 2 horas de contrações sem a expulsão de um gatinho;
» Mais de 3 horas de pausa entre a expulsão dos gatinhos;
» Prostração exagerada da gata.

Nascimento dos gatinhos
Quer a apresentação de cabeça, quer a apresentação “de cauda”, são consideradas normais, assim o facto de ver que o gatinho vai nascer “ao contrário”, só por si, não é motivo para preocupação.
Cada gatinho nasce envolvido por uma membrana semitransparente. Na altura da expulsão vai ver o gatinho envolvido nesta bolsa, o cordão umbilical e a placenta. A gata irá rasgar a bolsa em volta do gatinho, morder o cordão umbilical e comer a placenta. Este é um procedimento normal.
De seguida, a gata retira com a língua o muco das narinas do gatinho e lambe todo o resto do corpo de modo a secar o recém-nascido. Isto é importantíssimo para estimular o sistema circulatório e respiratório do bebé.
Normalmente, a gata larga o primeiro filhote quando a expulsão do segundo bebé se inicia. Observe cautelosamente para se certificar que ela não “magoa” o filhote, mas só ajude se notar que o bebé corre perigo
Caso precise de manipular os bebés, para evitar que a fêmea fique preocupada ou ressentida, sempre deixe 1 ou 2 filhotes com ela, enquanto cuida de um outro.

Quando se deve intervir:
» Se a gata mãe estiver relutante ou for incapaz de retirar as membranas e limpar o filhote, ajude-a, para que o gatinho não sufoque;
» Se o gatinho não começar a respirar em alguns minutos, deve ser ajudado. Certifique-se que não tem muco nas narinas e na boca, e massaje as costas até ele respirar. Para aspirar as secreções pode adquirir um “aspirador nasal para bebés” na farmácia;
» Se o cordão umbilical ficou muito comprido é aconselhável cortá-lo a aproximadamente 3 cm de distância do corpo. Para o efeito, caso não disponha de fio de sutura, pode usar fio dental e cortar o excesso com uma tesoura esterilizada. Aplique tintura de iodo no coto umbilical.

Placentas e hemorragias
Se estiver presente durante o trabalho de parto, certifique-se que todas as placentas foram expulsas. Uma placenta retida significará problemas para a mãe.
Se durante ou após o parto a gata apresentar um corrimento vermelho vivo, pode significa uma hemorragia (situação rara). Fique atento para ver se se mantém a perda de sangue.

Pesar os bebés
Quando o trabalho de parto acabar, resista ao impulso de fazer qualquer limpeza ou de pegar nos gatinhos.
Quando sentir que é oportuno, evitando ao máximo perturbar a gata, pese e registe o peso dos bebés. Para o efeito pode usar uma balança de cozinha digital (de preferência com uma sensibilidade na ordem das 10 g).

Não perturbe a gata, respeite o espaço dela, mas não deixe de se deliciar e fotografar.

Até breve, com muitos e doces momentos felinos.

Por: Maria João Dinis da Fonseca
Artigo gentilmente cedido pelo Grupo Hospital do Gato

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